sexta-feira, 30 de novembro de 2012

"- Mãe, e o franguinho?
- O franguinho? Que franguinho?
- Aquele franguinho que eu gosto muito! Ainda não puseste no teu blogue."

Confesso que tenho alguma dificuldade em não me alargar demasiado nas mensagens. Quando começo a escrever sobre um tema, mal dou por isso, já tenho um post enorme. Frequentemente, demoro muito mais tempo a cortar e a escolher o que deixar do que demorei a escrever. A minha preocupação é dizer tudo o que quero e há tanto para dizer!

Tudo isto porque no último post não disse tudo o que queria sobre a carne. As carnes não são todas iguais, há as denominadas carnes vermelhas (vaca, cabrito, borrego, porco) e as carnes brancas (aves e coelho). Nas carnes vermelhas a gordura encontra-se essencialmente na constituição da própria carne, é uma gordura invisível, e dependendo das peças usadas pode chegar a 30% do peso da carne. Já nas carnes brancas a gordura está essencialmente na pele e noutros locais onde é fácil visualizar e remover. As carnes brancas , quando eliminadas das gorduras visíveis, ficam com menos gordura e mesmo a que fica é mais saudável e têm menos colesterol do que a das carnes vermelhas. As carnes vermelhas deveriam ser consumidas 1 a 2 vezes por semana, as restantes refeições seriam de carnes brancas e peixe e pelo menos uma vez por semana uma refeição de ovos.

E para atender ao pedido do meu filho mais novo, aqui fica a receita do franguinho.

Peito de frango com especiarias:
Cortar 2 peitos de frango em tiras. Temperar com sal, pimenta, noz moscada, sumo de um limão, um molho pequenino de mangerona, 3 a 4 pés de hortelã picadinha e um fio de azeite. Deixe a marinar, quanto mais tempo melhor.
Numa frigideira grande ou num wook coloque um fio de azeite aqueça um pouco e acrescente o frango e a marinada. Deixe cozer até estar macio. 
Pode acompanhar com vegetais estufados e/ou cuscus (a receita destes acompanhamentos fica para um próximo post). 

 
Enquanto fazia o franguinho passou esta música  no rádio, mais uma criação portuguesa de qualidade.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Carne ou peixe? Precisamos de ambos e de vez em quando (uma vez por semana) pode ser ovos. Estes alimentos são os fornecedores de proteína, necessários para a construção, reparação e manutenção do nosso organismo. Embora a proteína também exista em abundância nos alimentos de origem vegetal, a proteína de origem animal é mais completa. 

A carne é importante porque nos fornece ferro duma forma que o nosso organismo absorve bem. No entanto, a gordura da carne é essencialmente gordura saturada e colesterol prejudicial à saúde das nossas artérias se for consumida em excesso. Devemos pois retirar todas as gorduras visíveis, mesmo assim, fica a gordura "invisível" que se encontra na constituição da própria carne.

O peixe tem menos quantidade de gordura de constituição e quando tem, como é o caso dos peixes gordos, é gordura saudável (ácidos gordos ómega 3). O peixe é também um ótimo fornecedor de fósforo e a sua proteína não é inferior à da carne. A melhor qualidade da sua gordura fazem do peixe uma escolha mais saudável a preferir às carnes.

O ideal seria alternar uma refeição de peixe e uma de carne o que nem sempre é fácil, principalmente em alguns dias mais preenchidos ou nas refeições do almoço em que é necessário ter tudo quase pronto a ir para a mesa. Por outro lado, de uma forma geral, é sempre mais difícil convencer os mais novos (e mesmo alguns menos novos) a deliciarem-se com uma refeição de peixe do que de carne, o que ainda torna o processo mais difícil. 

Esta receita tem dado uma ajuda cá em casa e pode ser preparada com antecedência.

Lombos de pescada com molho de mostarda:
1 embalagem de lombos de pescada congelados, sumo de 1 limão, 100g de cebola, 100g de cenoura, 4 pés de salsa, 30g de azeite, 400ml de leite, 30g de farinha, 1 colher de chá de mostarda, sal q.b., pimenta q.b.
Descongelar os lombos de pescada e temperar com sal e sumo de limão. Num tacho colocar a cebola a cenoura e a salsa previamente picados na picadora. Adicionar o azeite e deixar cozinhar cerca de 5 minutos. Adicionar a farinha mexendo sempre e de seguida o leite em fio mexendo sem parar até o molho ficar com uma consistência cremosa. Acrescentar a mostarda e temperar com sal e pimenta a gosto (não esquecer que os lombos de pescada já foram temperados com sal). Retirar do lume e triturar tudo com a varinha mágica. Deve ficar um molho homogéneo, amarelo e cremoso. Se tiver Bimby, acrescentar a farinha, o leite, a mostarda, o sal e a pimenta de uma só vez e programar  6 min/90ºC/vel 3. No final triturar 30 seg/vel 7.
Colocar os lombos de pescada num pyrex, cobrir com este molho e levar ao forno pré-aquecido a 180ºC durante cerca de 20 minutos ou até ficar dourado na superfície.



Como os mais pequenos vão comer rapidamente aqui fica uma sugestão para fazer antes da hora de deitar:

http://www.youtube.com/watch?v=W8RWpgUdgrw&feature=related

Bons sonhos!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Hoje vão  precisar de uma folha de papel, algo que escreva, uma fita métrica e, para ser mais fácil, uma calculadora simples. 

Se dividirem o vosso peso em kg pela altura em metros e tornarem a dividir pela altura obtêm um valor que se denomina Índice de Massa Corporal (IMC= P / A / A ). Se este valor se situar entre 18,5 e 24,9 o seu peso é considerado normal, se obtiver um valor entre 25,0 e 29,9 está com excesso de peso, acima de 30,0 é considerado obesidade e abaixo de 18,5 considera-se magreza. Para as crianças e adolescentes até aos 18 anos a avaliação não é tão simples, o melhor será consultar os gráficos do Boletim de Saúde que lhe deram quando ele/ela nasceu e verificar se o crescimento (peso e altura) tem evoluído de acordo com um dos percentis.

A avaliação através do IMC não é muito rigorosa mas é muito simples e conduz a resultados bastante aproximados dos obtidos por outros métodos mais rigorosos.

A simples medida em centímetros do perímetro da cintura, ou seja, a medida obtida com uma vulgar fita métrica à volta da cintura ao nível do umbigo é também um bom indicador da gordura depositada nesta zona. É que esta é a gordura mais perigosa, a que vai interferir com o funcionamento de todos os orgãos abdominais. Para os homens um perímetro da cintura:
inferior a 94 - baixo risco;
entre 94 e 102 - risco moderado;
superior a 102 - risco elevado de desenvolvimento de doenças crónicas.
Para as mulheres, pela mesma ordem, os valores são: inferior a 80; entre 80 e 88 e superior a 88.

Se está dentro dos valores saudáveis, parabéns, se os números estão um pouco "escorregadios", o desafio é melhorá-los intervindo gradualmente na alimentação de forma a torná-la mais equilibrada e saudável. 

Para ajudar deixo uma entrada de pão de alho que em vez de manteiga leva iogurte. Pareceu-me ver alguém fazer uma careta! Experimentem e as caretas vão transformar-se em sorrisos...

Pão de alho com iogurte:
2 iogurtes naturais, 4 dentes de alho, 1 colher de sopa de azeite, cerca de 10 pés de coentros ou salsa picadinhos, 4 cacetinhos pequenos ou um maior, fio de azeite.
A primeira tarefa tem de ser feita com alguma antecedência. Consiste em colocar dois iogurtes naturais num escorredor de rede sobre uma taça alta, tapar e deixar a escorrer, dentro do frigorífico, de um dia para o outro (cerca de 8 a 10 horas). O volume do iogurte vai diminuir para cerca de metade e vai ficar no fundo da taça um líquido amarelado, o soro do iogurte. Pode guardar o iogurte escorrido numa caixa fechada durante 2 a 3 dias no frigorífico.


Para preparar o pão de alho, comece por descascar os dentes de alho e fervê-los  em água durante 5 minutos. Escorra e pique-os muito bem. Numa taça coloque os iogurtes escorridos, o azeite, os alhos e os coentros/salsa picadinhos. Pode colocar tudo na picadora e reduzir tudo de uma só vez a uma pasta homogénea. 
Corte o pão em fatias com cerca de um dedo de espessura mas sem as separar completamente. Barre bem dos dois lados das fatias, coloque sobre papel de alumínio, regue com um fio de azeite e feche o papel de alumínio. Leve ao forno pré aquecido cerca de 20 minutos.

 
Melhor ainda é seguir os conselhos do Vasco Palmeirim e usar pão integral.
   

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Roda dos Alimentos, o nosso guia para a escolha alimentar diária recomenda que guloseimas e petiscos só em dias de festa. Estamos a referir-nos a bolos, chocolates, rebuçados e outras guloseimas, salgadinhos, gelados e refrigerantes. Todos estes alimentos nos agradam imenso, têm quantidades elevadas de hidratos de carbono e/ou gorduras que são os nutrientes que o nosso organismo transforma em energia. E como o nosso organismo necessita de energia e nem sempre teve à disposição a quantidade de alimentos que hoje tem, a seleção natural foi eliminando os gastadores de energia e foram resistindo e ficando os poupadores de energia. Em conclusão: estamos programados para gostar de açúcar e gorduras, somos descendentes dos "poupadinhos" e temos uma disponibilidade alimentar como nunca houve. Ainda falta acrescentar que nós, os "poupadinhos", estamos frequentemente "cansadinhos" e mexemo-nos muito pouco. O nosso organismo que levou tantos anos a ser poupado não vai desperdiçar nada e vai guardar na forma que tem para o fazer - tecido adiposo. Ou de facto merecemos a designação de animais racionais e reaprendemos a comer ou tudo isto não vai ter um "Happy End".
 
É obvio que os alimentos dos dias de festa fazem parte dos prazeres da vida e não nos devemos privar disso mas o conceito de "dia de festa" necessita ser ajustado. De uma forma geral, todas estas iguarias que nos fazem crescer água na boca, são trabalhosas e morosas por isso mais uma razão para só as confeccionarmos nas ocasiões especiais. O grande problema é que atualmente estão disponíveis em qualquer café, supermercado, restaurante, mercearia ou mesmo máquina de venda automática a preços muito acessíveis.

Portanto:
Regra nº 1 - Guloseimas e petiscos só em verdadeiros dias de festa;
Regra nº 2 - Sempre que possível confeccioná-los em casa e não os adquirir já preparados (vão ser seguramente mais saudáveis e vai ingeri-los muito menos vezes);
Regra nº 3 - Fazer uma caminhada a seguir ao repasto vai ajudar a gastar o que ingerimos e não precisávamos.

E como esta semana houve um "verdadeiro" dia de festa cá em casa, o tradicional Bolo de chocolate assinalou a data.

Bolo de chocolate:
meia chávena de cacau magro, 200ml de água a ferver, 300g de açúcar, 175g farinha, 3 colh chá fermento, 7 ovos, meia chávena de óleo alimentar, 4 gotas de sumo de limão, sal q.b.
Ligue o forno a 150ºC. Dissolver o cacau na água a ferver, reservar e deixar arrefecer. Numa tigela grande misturar a farinha com o açúcar, o fermento e uma pitada de sal. Abra uma covinha no centro e deite o óleo e as gemas. Mexa a partir do centro e acrescente a água com o cacau dissovido. Bata tudo muito bem até fazer bolhas. À parte bata as claras com o sumo de limão. Misture lentamente as claras com a massa envolvendo bem mas sem bater.
Deite a massa numa forma bastante grande com buraco no centro, não é necessário untar a forma. Pode colocar a massa numa forma retangular ou numa forma redonda sem buraco, neste caso coloque papel vegetal no fundo da forma.
Leve a cozer ao forno pré-aquecido durante 60 minutos. No final do tempo desligue o forno deixe mais 10 minutos, retire do forno e inverta sobre o prato de servir. Acabe de desenformar depois de frio com a ajuda de uma faca fininha.
Neste caso o bolo foi coberto com creme de chocolate e polvilhado com amêndoa ralada torrada. 


Para acompanhar o bolo deixo o trailer de um filme espetacular: Charlie e a fábrica de chocolate. Se ainda não tiveram oportunidade de ver não percam, se já viram revejam.
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Esta notícia do jornal on-line de hoje deixa-me apreensiva e de certa forma "chocada".

 
 

Uma medida desta natureza pareceria, à primeira vista, uma forma eficaz de zelar pela saúde dos dinamarqueses. Os alimentos com menos quantidade de gordura, mais económicos e acessíveis do que os alimentos muito ricos neste tipo de nutriente, seriam preferidos. Por outro lado esperar-se-ia uma resposta da indústria alimentar desenvolvendo novos produtos, com baixo teor de gordura saturada e com boa aceitação pelo consumidor. Mas, não chega legislar ou taxar, é necessário que as pessoas queiram comer de forma saudável. A última escolha é sempre de cada um de nós.

As gorduras são nutrientes essenciais. Precisamos de gorduras porque nos dão energia, são veículo de vitaminas lipossolúveis, protegem os nossos orgãos e ossos, são a nossa reserva de energia, funcionam como isolamento térmico e melhoram a sensação de saciedade e palatibilidade dos alimentos. Têm de ser consumidos em quantidades moderadas porque são muito energéticos e o nosso organismo não desperdiça nada, tem uma grande capacidade de armazenar na forma de tecido adiposo. As gorduras não são todas iguais. As gorduras saturadas, de origem animal são as menos saudáveis, as gorduras vegetais e as do peixe, as insaturadas, deverão ser as preferidas. Mas, mesmo as gorduras insaturadas quando sujeitas a aquecimentos intensos e prolongados transformam-se em gorduras prejudiciais.

Na prática, a escolha certa é restringir ao mínimo as gorduras saturadas (da carne), fazendo mais refeições de peixe em vez de carne e optando por gorduras vegetais com o mínimo de aquecimento possível. A gordura que melhor aguenta o aquecimento é o azeite, vejam bem a sorte que nós temos...

Se quiserem e só se quiserem porque isso é o essencial, deixo mais uma sugestão de um prato que pode ser de peixe ou carne.

Caril de peixe ou carne (a escolha é sua):
500 g de peixe ou carne, 1 banana, 1 maçã, 1 cebola, 2 dentes de alho, 1 pau de canela, 50 ml de azeite, 200 ml de natas (costumo usar natas com baixo teor de gordura), 1 molho de coentros, caril a gosto, gengibre fresco a gosto, sal q.b.
Aqueça o azeite num tacho e coloque a cebola e o alho finamente picados e o gengibre ralado (pedaço do tamanho de uma noz pequena). Refogue um pouco e adicione uma colher de chá generosa de caril e deixe refogar. Pode usar mais ou menos caril conforme o gosto e conforme use caril mais ou menos intenso. Entretanto descasque e corte a banana e a maçã em pequenos pedaços e junte ao caril. Tempere com um pouco de sal, junte as natas e a mesma quantidade de água. Deixe cozer cerca de 5 minutos com o lume baixo. Retire o tacho do lume e triture tudo com a varinha mágica. Adicione o pau de canela e o peixe ou carne. Leve novamente ao lume por mais 5 minutos. Se o molho estiver muito espesso, junte um pouco mais de água. Sirva polvilhado com coentros picados com arroz basmati cozido.
(receita do Chefe Henrique Sá Pessoa em Ingrediente Secreto)

Pode fazer com camarão ou outro peixe. Com frango também é uma boa opção pois é uma carne branca, com menos gordura. Se fizer com camarão pode comprar os camarões com casca, descascá-los e cozer as cabeças e as cascas, triturar, coar e usar este caldo em vez da água. Fica muito mais saboroso.
Não uso leite de coco por uma questão de gosto. Mas já agora, como não há regra sem exceção, o coco (um vegetal) tem cerca de 80% de gordura e é maioritariamente gordura saturada. As partidas que a natureza nos prega!

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